O Primeiro Homem – Passos Nerds #109

Dirigido por Damien Chazelle, O Primeiro Homem foca em Neil Armstrong e sua vida pessoal durante os anos da corrida espacial que resultaram no pouso do homem na lua.

O filme traz uma abordagem interessante de focar mais em seu protagonista e sua família do que na corrida espacial e nos feitos da NASA em si.

Eu ADORO histórias da corrida espacial, tem muito coisa ali importante para a humanidade e geralmente são histórias que me conquistam. Dito isso, O Primeiro Homem é um filme do qual eu gostei, mas não amei.

Se o foco era para ser no Neil Armstrong, ele sendo introspectivo como é, alguns elementos eram mais necessários para que a gente entendesse melhor o homem. Temos vislumbres de sua tenacidade e determinação, de sua coragem perante o incerto. Conhecemos também alguns de seus traumas, mas… qual a consequência deles? Eles influenciam suas decisões? Isso ficou muito em aberto. Sua vida pessoal e seu casamento sofrem muito, mas vemos isso mais pelo lado da sua esposa (a ótima Claire Foy, mostrando muito bem os efeitos do estresse no emocional) e ele parece meio blasè com os efeitos de seu trabalho na sua vida pessoal.

Ryan Gosling acerta em algumas cenas, mas parece indiferente em outras, nem sempre as emoções estão claras.

O roteiro também é falho na passagem de tempo. Não fossem os anos aparecem na tela, nada mais indica isso, as crianças parecem não sofrerem alteração nem maturação.

Mas o filme é muito bom em passar a sensação claustrofóbica de estar nos equipamentos espaciais. Tudo é feito para economizar o máximo de peso e espaço possível, e Chazelle foca muito nas pequenas coisas dentro das cabines, coisas que só quem estaria lá notaria ou lembraria. Nesse quesito, o filme é certeiro em nos colocar no lugar do protagonista. A sensação de perigo iminente perante o desconhecido também é fora de série e, mesmo sabendo da história da NASA, as cenas conseguem gerar tensão e apreensão.

O uso de som aqui é magnífico. Quando a aeronave começa a tremer loucamente e tudo range ao redor, dá para perceber camadas de coisas sendo forçadas, momentos esses por vezes quebrados quando o foco muda para o espaço sideral e aí o silêncio impera. Isso é bem misturado com os momentos de introspecção ou temor perante o desconhecido pelo personagem. Quebrar barreiras jamais antes tentadas pelo homem é algo perigoso e você sente o peso dos personagens caminharem entre a vida e a morte com tanta frequência.

É interessante também ver como o roteiro investe no feito do homem pisar na lua como algo que foi fruto de muito, mas muito trabalho, esforço e risco. De muito estresse por pressão de fora ou por riscos de morte. O longa acerta em apresentar os astronautas como humanos, não heróis invencíveis.

Tecnicamente primoroso, O Primeiro Homem propõe focar no homem Armstrong mais do que no astronauta Armstrong, abordagem interessante que acerta em alguns quesitos, mas falha em outros. Apesar das falhas, é um longa interessante que merece atenção.

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